sexta-feira, 31 de julho de 2009

sexta-feira, 24 de julho de 2009



SHORTBUS



Ficha Técnica





Título Original: Shortbus
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 101 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2006Site Oficial: http://www.shortbusthemovie.com/
Estúdio: Fortissimo Films / Process Productions / Q TelevisionDistribuição: ThinkFilm / Mais Filmes Direção: John Cameron Mitchell Roteiro: John Cameron Mitchell Produção: Howard Gertler, John Cameron Mitchell e Tim PerellMúsica: Yo La Tengo Fotografia: Frank G. DeMarco Desenho de Produção: Jody AsnesFigurino: Kurt and Bart Edição: Brian A. Kates




Elenco Sook-Yin Lee (Sofia)Paul Dawson (James)Lindsay Beamish (Severin)PJ DeBoy (Jamie)Raphael Barker (Rob)Peter Stickles (Caleb)Jay Brannan (Ceth)Alan Mandell (Tobias)Adam Hardman (Jesse)Shanti Carson (Leah)Justin Hagan (Brad)Jan Hilmer (Nick)Yolonda Ross (Faustus)Jocelyn Samson (Jid)Miriam Shor (Cheryl)Rachael C. Smith (Zoey)Derek Jackson (Derek)Paul Oakley Stovall (Magnus) Ray Rivas




Sinopse Sofia (Sook-Yin Lee) é uma terapeuta de casais que nunca teve um orgasmo. Entre seus pacientes estão James (Paul Dawson) e Jamie (PH DeBoy), que mantém uma relação que começa a dar passos maiores. Há ainda Severin (Lindsay Beamish), uma dominatrix que mantém sua vida em segredo e não se abre para as pessoas. Eles se encontram regularmente no Shortbus, um clube underground onde arte, música, política e sexo se misturam.




Esse filme é fantástico meu predileto
vale a pena assistir

terça-feira, 21 de julho de 2009


Clarice Lispector-amor

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo,

já perdi um AMOR por escondê-lo.

Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.

Já expulsei pessoas que amava de minha vida,

já me arrependi por isso.

Já passei noites chorando até pegar no sono,

já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.

Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.

Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.

Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou,

já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.

Já menti e me arrependi depois,

já falei a verdade e também me arrependi.

Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.

Já sorri chorando lágrimas de tristeza,

já chorei de tanto rir.

Já acreditei em pessoas que não valiam a pena,

já deixei de acreditar nas que realmente valiam.

Já tive crises de riso quando não podia.

Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.

Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.

Já gritei quando deveria calar,

já calei quando deveria gritar.

Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.

Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.

Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.

Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.

Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade...

Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".

Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, j

á me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.

Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.

Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.

Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo.

Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.

Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.

Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.

Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!

Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!

Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.

Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer: -

E daí? EU ADORO VOAR!



Clarice Lispector

domingo, 19 de julho de 2009


Instante
.
Que faria eu sem este mundo sem rosto sem questões
Quando o ser só dura um instante onde cada instante
Se deita sobre o vazio dentro do esquecimento de ter sido
Sem esta onda onde por fim
Corpo e sombra juntos se dissipam
Que faria eu sem este silêncio abismo de murmúrios
Arquejando furiosos em direcção ao socorro em direcção ao amor
Sem este céu que se eleva
Sobre o pó dos seus lastros
Que faria eu eu faria como ontem como hoje
Olhando para a minha janela vendo se não serei o único
A errar e a mudar distante de toda a vida
preso num espaço-marioneta
Sem voz entre as vozes
Que se fecham comigo.
.
Samuel Beckett
(tradução de Tiago Nené)

O Corvo, Edgar Allan Poe

O Corvo
(tradução de Fernando Pessoa)


Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,E já quase adormecia, ouvi o que pareciaO som de algúem que batia levemente a meus umbrais.“Uma visita”, eu me disse, “está batendo a meus umbrais.É só isto, e nada mais.”
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.Como eu qu’ria a madrugada, toda a noite aos livros dadaP’ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,Mas sem nome aqui jamais!
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxoMe incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,“É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.É só isto, e nada mais”.
E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,“Senhor”, eu disse, “ou senhora, decerto me desculpais;Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,Que mal ouvi…” E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.Noite, noite e nada mais.
A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.Isso só e nada mais.
Para dentro estão volvendo, toda a alma em mim ardendo,Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.“Por certo”, disse eu, “aquela bulha é na minha janela.Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.”Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.“É o vento, e nada mais.”
Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,Foi, pousou, e nada mais.
E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amarguraCom o solene decoro de seus ares rituais.“Tens o aspecto tosquiado”, disse eu, “mas de nobre e ousado,Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.”Disse o corvo, “Nunca mais”.
Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.Mas deve ser concedido que ninguém terá havidoQue uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,Com o nome “Nunca mais”.
Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamentoPerdido, murmurei lento, “Amigo, sonhos – mortaisTodos – todos já se foram. Amanhão também te vais”.Disse o corvo, “Nunca mais”.
A alma súbito movida por frase tão bem cabida,“Por certo”, disse eu, “são estas vozes usuais,Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandonoSeguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,E o bordão de desesp’rança de seu canto cheio de aisEra este “Nunca mais”.
Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneiraQue qu’ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,Com aquele “Nunca mais”.
Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendoÀ ave que na minha alma cravava os olhos fatais,Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinandoNo veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,Reclinar-se-á nunca mais!
Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incensoQue anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.“Maldito!”, a mim disse, “deu-te Deus, por anjos concedeu-teO esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!”Disse o corvo, “Nunca mais”.
“Profeta”, disse eu, “profeta – ou demônio ou ave preta!Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atraisSe há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!Disse o corvo, “Nunca mais”.
“Profeta”, disse eu, “profeta – ou demônio ou ave preta!Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.Dize a esta alma entristecida se no Édem de outra vidaVerá essa hoje perdida entre hostes celestiais,Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!”Disse o corvo, “Nunca mais”.
“Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!”, eu disse. “Parte!Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!”Disse o corvo, “Nunca mais”.
E o corvo, na noite infinda, está ainda, está aindaNo alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,Libertar-se-á… nunca mais!

segunda-feira, 13 de julho de 2009



O ÚLTIMO ANDAR

No último andar é mais bonito:do último andar se vê o mar.
É lá que eu quero morar.
O último andar é muito longe:custa-se muito a chegar.
Mas é lá que eu quero morar.
Todo o céu fica a noite inteirasobre o último andar.
É lá que euquero morar.
Quando faz lua, no terraçofica todo o luar.
É lá que eu quero morar.
Os passarinhos lá se escondem,para ninguém maltratar:no último andar.
De lá se avista o mundo inteiro:
Tudo parece perto, no ar.
É lá que eu quero morar:no último andar.
(IN "Ou Isto Ou Aquilo" - Cecília Meireles - 1964)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

(Reportagem sobre o universo clown, onde faço uma pequena participação)

É por ser ridículo, que eu sou um clown!Na mais bela forma do existir, o clown se destaca.

Por três fatores: Ele é sempre verdadeiro, real e autêntico.Para Fellini, "o clown representa uma situação de desnível, de inadequação do ser humano frente à vida. Através dele exorcizamos a nossa impotência, as nossas contradições e, principalmente, a luta ridícula e desproporcional contra os fantasmas de nosso egoísmo, de nossa vaidade e da nossa ilusão”.Ele passa do riso ao choro, sem pensar; o que importa é satisfazer as suas necessidades internas. Sua satisfação imediata é a de estar sempre alegre, feliz com as coisas conquistadas. É como uma criança, chora e esbraveja se não consegue o que quer, mas vibra de alegria ao conquistar, segundo Burnier.

Permita-se.

Seja ridículo você também!

sábado, 4 de julho de 2009


♪ Palavras ao vento ♪
Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras
Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras momentos Palavras, palavrasPalavras, palavrasPalavras ao vento•

sexta-feira, 3 de julho de 2009

" A vida começa todos os dias ",

"Não fomos consultados para vir para este mundo e não seremos consultados quando tivermos de partir. Isto dá bem a medida da nossa importância material na terra, mas deve ser um elemento de consolo e não de desespero.",

Erico Verissimo





A CHEGADA DA CAIXA DE ABELHAS

Encomendei esta caixa de madeiraClara, exata, quase um fardo para carregar.Eu diria que é um ataúde de um anão ou De um bebê quadradoNão fosse o barulho ensurdecedor que dela escapa.Está trancada, é perigosa.Tenho de passar a noite com ela eNão consigo me afastar.Não tem janelas, não posso ver o que há dentro.Apenas uma pequena grade e nenhuma saída.Espio pela grade.Está escuro, escuro.Enxame de mãos africanas Mínimas, encolhidas para exportação,Negro em negro, escalando com fúria.Como deixá-las sair?É o barulho que mais me apavora,As sílabas ininteligíveis.São como uma turba romana,Pequenas, insignificantes como indivíduos, mas meu deus, juntas!Escuto esse latim furioso.Não sou um César.Simplesmente encomendei uma caixa de maníacos.Podem ser devolvidos.Podem morrer, não preciso alimentá-los, sou a dona.Me pergunto se têm fome.Me pergunto se me esqueceriamSe eu abrisse as trancas e me afastasse e virasse árvore.Há laburnos, colunatas louras, Anáguas de cerejas.Poderiam imediatamente ignorar-me.No meu vestido lunar e véu funerárioNão sou uma fonte de mel.Por que então recorrer a mim?Amanhã serei Deus, o generoso – vou libertá-los.A caixa é apenas temporária

Sylvia Plath

quinta-feira, 2 de julho de 2009


"Algumas pessoas são a favor das baleias.Outras,das árvores.Nós gostamos mesmo é de cachorro.Os grandes e os pequenos.Os de guarda e os brincalhões.Os de raça e os vira-latas.Somos a favor dos passeios,das corridas e travessuras,de cavar,coçar,cheirar e brincar.Somos a favor de parques com cachorros,de portas para cachorroe da vida de cão.Se houvesse um feriado internacionalem que todos os cães fossem reconhecidospor sua contribuição para a qualidade de vida na terra,nós seríamos a favor também.Porque SOMOS LOUCOS POR CACHORROSe CACHORRO É TUDO DE BOM!!!"
foto- Lorenzo ( meu shit-zu)

É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo. Se tiver coragem, eu me deixarei continuar perdida. Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo. Perder-se significa ir achando e nem saber o que fazer do que se for achando. Não sei o que fazer da aterradora liberdade que pode me destruir. Mas estou tão pouco preparada para entender. Mas como faço agora? Por que não tenho coragem de apenas achar um meio de entrada? Oh, sei que entrei, sim. Mas assustei-me porque não sei para onde dá essa entrada. E nunca antes eu me havia deixado levar, a menos que soubesse para o quê.
Clarice Lispector
A Paixão segundo GH
"Vamo brincá de fica bestando e fazê um cafuné no outro e sonhá que a gente enricô e fomos todos morar nos Alpes Suíços e tamo lá só enchendo a cara e só zoiando? Vamo brincá que o Brasil deu certo e que todo mundo tá mijando a céu aberto, num festival de povão e dotô? Vamo brincá que a peste passô, que o HIV foi bombardeado com beagacês, e que tá todo mundo de novo namorando? Vamo brincá de morrê, porque a gente não morre mais e tamo sentindo saudade até de adoecê?"

HILDA HILST